Você não Conhece os Danos do Pecado da Preguiça! Veja como Evitar as suas Armadilhas e Conquistar a Virtude da Diligência

Tempo de leitura estimado: 13 minutos

Você já se sentiu tentado pela preguiça? Aquela sensação de procrastinação, de adiar as tarefas importantes e se render à inércia? Saiba que, nem de longe, este é o pior mal que a preguiça pode lhe custar.

O pecado da preguiça é algo com o qual muitos de nós lutamos diariamente, e quando descobrimos como ela se origina e o que ela compromete em nossa vida, percebemos o quão urgente é nos fortalecer contra a preguiça.

Neste artigo vamos examinar as raízes da preguiça e como ela pode corromper nossa jornada em busca de uma vida virtuosa. Também aprenderemos como reconhecer as armadilhas da preguiça para não cair no erro.

Além disso, aprenderemos como usar o antídoto de combate à preguiça, a diligência, e encontrar a motivação necessária para realizar nossos deveres com o coração neles.

Boa leitura!

O que é a Preguiça?

O preguiçoso não tem como objetivo o serviço bem feito, de entregar o melhor que pode fazer. Pelo contrário, ele evitará todo e qualquer esforço possível, ele buscará sempre o caminho da “moleza”, mesmo que isso signifique entregar um trabalho medíocre. “A preguiça é a resistência ao esforço e ao sacrifício”. (A Preguiça, 2016 – Francisco Faus).

Entenda, não há nada errado em procurar atalhos, em tentar fazer o mesmo trabalho com menor esforço. O que não podemos é sacrificar a qualidade da nossa entrega para fugir do sacrifício, fugir da tarefa ou do dever

O Pecado da Preguiça: um ataque a nossa dignidade

Uma segunda forma de encararmos a preguiça, e um pouco mais profunda, é olhar a preguiça como um brutal ataque a nossa dignidade. “A preguiça significa, antes de mais nada, que o homem renuncia à altura da sua dignidade”. (De La Vida Serena, 1965 – Josef Pieper). 

O que isso nos quer dizer? 

Segundo o dicionário: dignidade é a ação de respeitar os próprios valores; amor-próprio ou decência. Qualidade moral que infunde respeito; consciência do próprio valor; honra. 

Agora vamos a um exemplo: na minha casa tenho um quintal, mas por preguiça de cuidar, deixo crescer ervas daninhas, não recolho as folhas que caem, não corto a grama e etc, no final das contas, não tenho mais um quintal, e sim um matagal, um lugar feio e nada convidativo para passar o tempo.

A minha preguiça sinaliza que não sou digna de ter um quintal agradável e bonito em minha casa, e que me contento com um matagal, por mais que isso possa parecer absurdo. 

Mas é o que a preguiça faz com a gente! Sempre que deixamos de fazer algo de bom, nós sinalizamos para nós mesmos (e para os outros) que não somos dignos do fruto que aquele bem poderia nos proporcionar. Estamos renunciando a essa grandeza, para nos contentar com algo mais medíocre, inferior. 

Muitos poderão pensar que isso é um exagero, que há preguiças danosas e preguicinhas “inofensivas”. Bom, vamos ver!

Preguiças Inofensivas, quais são?

Essas ditas preguicinhas “inofensivas” parecem-nos apenas pormenores, miudezas, fragilidades próprias da condição humana e sempre desculpáveis: 

  • Aquela moça que chegou mais uma vez atrasada por causa do trânsito.
    • (causa: preguiça de acordar mais cedo para sair mais cedo);
  • Aquela mãe que oferece um jantar pouco nutritivo por falta de tempo da vida corrida (Causa:
    • preguiça de se organizar melhor e passar no mercado);

Esse tipo de preguiça nos parece inofensiva à primeira vista, mas se você observar bem, elas vão minando a nossa busca por melhores hábitos de vida, por uma vida de virtudes

Pense comigo, se você sucumbe à tarefas simples como arrumar a cama assim que acorda, coisa de 2 min, como espera se comprometer a realizar tarefas mais difíceis? Será muito árduo, você terá mais chances de desistir e  de entregar algo medíocre. 

Ao meu ver, preguiças inofensivas não existem, toda preguiça é nociva e corrompe um pouco o nosso espírito. Aqui relembrarei aquela citação “Não pudestes’ vencer nas coisas grandes, porque , ‘não quisestes‘ vencer nas pequenas coisas”. ( São Josemaria Escrivá)

Mais do que nos fazer recusar ao esforço ou ao sacrifício, a preguiça vai minando a nossa busca pelo ideal humano

A Preguiça é Inimiga do Ideal Humano 

Cada um de nós carrega um potencial intrínseco (dentro de si). Não estou falando da sua missão na vida, seu propósito, qual marca deixará no mundo, nada disso. Como seres humanos, somos dotados da razão, a razão nos faz questionar e refletir e é aí onde reside o ideal humano

O ideal não é uma meta a ser alcançada, é uma jornada de edificação do nosso nosso ser. A preguiça é aquilo que nos puxa na direção contrária a esse ideal

Quando nos recusamos a fazer as coisas por pura preguiça, para nos poupar do esforço, estamos perdendo a oportunidade de ser uma versão melhor de nós mesmos ー de ficarmos mais perto desse ideal humano. 

Por exemplo, chegar em casa, ao invés de simplesmente deixar bolsa e sapatos jogados de qualquer jeito (porque é mais cômodo), você os guarda no local devido. Dessa forma, você não se deixa pegar pela preguiça e se fortalece na virtude da ordem. 

Produtividade vs Preguiça: eu fiz tudo mas parece que não fiz nada

Sabe aquela sensação ao final do dia que você sente que não fez nada de útil? Mas olha que curioso, você verifica a sua  lista de tarefas e tudo feito. Então, cadê aquele sentimento de satisfação por ver uma lista completa? 

Porém, olhando mais de perto, percebemos que você deixou de fazer uma tarefa, justamente a tarefa que você já vem adiando a semana toda. Esta única tarefa que você vem adiando há dias é a causa dessa sensação. Você fez tudo, mas não fez o que precisava fazer! E isso é preguiça.

Você pode retrucar, “como assim preguiça?… Olha o tanto de  coisas que fiz no dia, um preguiçoso não faria nem metade disso!” Mas a preguiça é ardilosa, e sabe se disfarçar muito bem!

Neste caso, esse tipo de preguiça, se esconde atrás do esforço, da laboriosidade verdadeira. Porém, as ocupações sem fim não salvam nenhum preguiçoso, como veremos mais adiante, e, na verdade, essas ocupações são uma excelente desculpa para não fazer aquilo que precisa ser feito.

As 5 Máscaras do Pecado da Preguiça

Todos nós estamos familiarizados com esta definição da preguiça: sombra e água fresca. Mas a preguiça se manifesta de forma muito sutil também, podendo ser confundida com uma genuína boa vontade ou com o esforço do cotidiano

Essa preguiça ardilosa se disfarça atrás de diversas máscaras, causando uma ilusão, mostrando por fora o rosto do dever cumprido, da laboriosidade ou da responsabilidade, quando tudo não passa de pura preguiça.

1 – A Máscara das Ocupações sem Fim

Viver os dias atulhados de ocupações e agitado pela “correria” do dia a dia pode ser um grande álibi da preguiça. Nos acostumamos a dar desculpas do tipo: “não tenho um minuto livre” ou “eu bem que queria arranjar tempo, mas infelizmente não posso”. 

“Não posso” ou “não quero” ? Fugimos de determinadas responsabilidades e deveres porque não queremos complicações. Por medo do sacrifício e do comprometimento, nos abstemos e nos escondemos atrás de um dia ocupado, da falta de tempo. 

Não é tempo que nos falta, mas definir melhor as prioridades e refletir o tipo de vida que estamos levando, todas essas ocupações nos levam em direção ao nosso ideal humano? 

2 – A Máscara da Ordem Defensiva

Há pessoas que fazem da ordem uma armadura de defesa pessoal. Esse é o caso da ordem defensiva. São muito organizadas. Aproveitam bem o tempo. Mas a sua organização é intocável. É igual a trilho de trem, só há aquele caminho e não se pode fazer desvios fora dos trilhos. 

É o caso da esposa que pede ajuda ao marido com o jantar, mas ele se nega porque está na sua rotina de estudos noturno. Ou quando o filho pede suporte da mãe, mas ela se nega porque agora é hora de preparar o jantar. 

Não é errado termos uma rotina, a rotina é benéfica desde que ela seja vista como um guia, não como um plano de vida engessado que impede qualquer desvio no percurso

Mas o que você pode sempre fazer é avaliar a situação, se sua ajuda pode esperar até a próxima meia hora ou se é algo que te desviará da sua rotina por apenas 10 minutos. 

A ordem é uma virtude, e é também a arma contra a preguiça. Sem essa ordem, nossos deveres para alcançar nosso ideal de vida ficariam esquecidos e prejudicados, então o problema não é ter ordem e sim usar a ordem como desculpas para ser preguiçoso.

3 – A Máscara da Falta de Jeito

Nós, que somos habitualmente tão vaidosos, e prezamos as nossas qualidades acima do seu valor, subitamente nos sentimos invadidos por uma estranha humildade: “gostaria tanto de fazer isso, mas infelizmente não tenho jeito, não nasci para isso”.

Uns podem pensar, não é falta de jeito, é falta de vergonha, mas podemos dizer também que é falta de vontade.

Todos temos “jeito” ou podemos ganhá-lo, basta começar, basta iniciar e a capacidade aparece. Será maior ou menor, mas sempre será útil e eficaz. 

4 – A Máscara da Situação Perfeita

Essa é a desculpa de quem sempre espera pelas circunstâncias ideais para levar à prática os seus bons desejos. Esse tipo de preguiçoso afirma com convicta certeza que quer mesmo. Agora, porém, não é o momento propício. Quando as circunstâncias mudarem e houver condições favoráveis, então sim

Acontece que o momento ideal se chama agora. Quem adia, recusa. A situação ideal, o momento realmente bom, não chega jamais para o preguiçoso. 

Uma grande parte da nossa vida se evapora em desejos irrealizados, porque a preguiça faz confundir o tempo propício com o tempo cômodo. Protelar (adiar) o começo, à espera do momento mais cômodo, é matar oportunidades e garantir a improdutividade. 

5 – A Máscara do Cansaço 

A preguiça utiliza-se da máscara do cansaço para proclamar com a consciência tranquila: “não consigo mais, não aguento mais”. Para explicar essa máscara, contarei a seguinte anedota do livro A Preguiça, de Francisco Faus:  

O marido chega em casa, curvado sob o fardo do dia, com uma palidez que inspira compaixão e uma carranca que sugere distância. Desaba no sofá, pega o celular e sussurra com um fio de voz: “estou exausto, poderia trazer-me os óculos?”. Nessa mesma hora o celular toca e ele atende: “alô!…Como é? Mas vocês arranjaram mesmo o campo? E eles vão ligar a iluminação!… Não, não! É pra já, vou voando!”

Parece que aconteceu um milagre, não? Pois todo aquele cansaço foi embora de uma hora pra outra! Como podemos explicar essa cura repentina de uma pessoa tão cansada? 

Não é que o cansaço do marido não exista, ele realmente pode estar cansado das atividades do dia de trabalho. Nós tendemos acreditar que o remédio para o cansaço é ficar sem fazer nada, mas estamos errados

O truque é trocar o tipo de atividade por outra diferente. Para um marido que passou o dia em frente ao computador, o descanso, quem diria, pode ser uma atividade física, como jogar bola com os amigos depois do expediente. 

Agora vamos falar da cura para a preguiça.

A Virtude Contra a Preguiça: A Diligência

A Diligência é uma palavra que vem do verbo latino diligeri, que significa amar. De modo que, diligens (diligente) significa aquele que ama, no sentido de ter zelo, cuidado e aplicação na realização de algo.

Enquanto o preguiçoso busca evitar o esforço, faz as coisas com pressa (para acabar logo) e sem esmero algum. A virtude da diligência vai na contramão e busca aplicar zelo em tudo que faz

A virtude da diligência também nos ajuda a saber quais são nossos deveres, onde é mais importante investirmos o nosso tempo, por meio de uma reflexão atenta e ponderada, nos blindando contra a correria do dia a dia. 

Em resumo, o diligente faz o que deve e está no que faz.

Veremos mais de perto o que é a virtude da diligência. 

A diligência NÃO é sinônimo de uma rotina cheia de ocupações 

Donas de casa que parecem uma maria-fumaça sem freio, descendo descontroladas a ladeira do dia, sacolejadas por tarefas, saídas, notificações do celular, problemas de escola, pagamentos, etc., literalmente arrastadas para um abismo de uma permanente agitação e uma canseira atordoada. 

Mulheres desse estilo não são diligentes, são apenas agitadas. A correria do dia a dia é tão grande que elas são puxadas de uma tarefa para outra e, muito comum, não conseguem estar com o coração naquilo que fazem. 

Ao final do dia estão esgotadas (com razão) e mesmo assim, ao deitarem na cama, não sentem a satisfação de um dia de trabalho concluído, mas de trabalho incompleto. Um novo dia começa e ela se sente arrastada mais uma vez para aquela correnteza rotineira de tarefas que parece sem fim.

A mulher diligente não almeja querer cumprir tudo, mas almeja está é um tudo que cumpre

O diligente sabe o que precisa fazer e sempre está no que faz

Uma segunda característica da pessoa diligente, ela sabe aquilo que é importante fazer, e por isso, para ela é mais fácil colocar o coração naquilo que faz. Podemos tirar dois grandes benefícios disso:

1) Nos proteger de cair na armadilha da correria do dia a dia

É muito fácil nos perdermos e nos deixar levar pela demanda do dia a dia da casa, marido, filhos ou trabalho. Porém, quando temos a consciência do que é valioso e merece nossa atenção para fazê-lo, nós começamos o nosso dia por essas tarefas, e as demais faremos em um segundo momento. 

Essa postura nos deixa menos ansiosas e, com o passar do dia, temos a chance de reavaliar se aquela outra demanda era realmente importante ou urgente (às vezes nem era) e ficamos aflitas à toa.

2) Ter a satisfação de dever cumprido ao fim do dia

Ao compreender o porquê das minhas tarefas, eu percebo que ela vai além do “algo” que precisa ser feito, eu entendo o bem que ela traz e os frutos que pode gerar para mim e para a minha família. 

Encarar o dia a dia assim faz com que, ao deitarmos na cama, venha aquela satisfação de dever cumprido, apesar de terem ficado coisas pendentes, mas garantimos que fizemos o que era importante fazer e fizemos com zelo.

Vou abrir um parênteses aqui (

Com isso, não quero que você pense haver tarefas mais honradas que outras, que tarefas corriqueiras do dia a dia não tem o seu valor. Por exemplo, preparar o café da manhã para sua família não tem nada de glamuroso, é rotina. Mas quero que você perceba o bem que gera essa “simples” tarefa: pessoas bem nutridas, todos à mesa se sentirão mais amados por terem alguém cuidando com tanto zelo deles, ótimo momento de fortalecer laços entre a família, seus filhos estão aprendendo através do seu exemplo em casa a serem adultos melhores. Olha o tanto de fruto que essa “simples” tarefa pode gerar!

) fechei o parênteses.

A virtude da Diligência: Como ser menos preguiçosa colocando o coração nas coisas que faz?

Vamos conversar um pouco como conquistar a virtude da diligência. Basicamente, precisamos cultivar 3 aspectos importantes: a reflexão, saber hierarquizar e dedicar-se a ordem.

Refletir para Saber Escolher Conscientemente

A mão que segura e governa as rédeas da atividade é a reflexão. Só quem pensa antes de agir possui o governo da ação e do tempo, e não será uma marionete puxada aos solavancos pelas cordas da correria e da desprevenção. 

A mulher diligente busca refletir sobre as coisas que precisa fazer antes de se comprometer com elas, para que ela saiba o porquê de está fazendo isso, dessa forma, ela consegue estar com todos os sentidos naquilo que faz e dar o seu melhor. 

A diligência pressupõe que você escolha suas tarefas conscientemente, refletindo sobre elas, pois ser diligente não é se sobrecarregar de tarefas, é saber selecionar dentre aquelas realmente importantes para a sua vida, que te guiarão no caminho da virtude.    

Você pode se começar a se perguntando:

  • Por que estou fazendo as coisas?
  • Como é que as estou fazendo?
  • Atiro-me cegamente numa correnteza de ocupações desordenadas?
  • Estou realmente fazendo o que devo e do melhor modo?

Hierarquizar pela Ordem de Importância

A mulher diligente busca esclarecer as prioridades e hierarquizar, pela ordem de importância, as tarefas a cumprir. A pessoa diligente sabe que seu tempo é finito e que não consegue dar conta de tudo e ainda fazer com esmero, por isso ela hierarquiza.  

Uma dica prática é você olhar para as suas tarefas de rotina, aquelas que se repetem diariamente ou mensalmente. Geralmente, essas tarefas são aquelas que fazem o seu dia funcionar bem (seja em casa, no trabalho), portanto, essas tarefas são importantes e precisam ser feitas primeiro

Para facilitar, coloque em uma lista. A seguir, você adiciona as outras demandas que surgirem durante a semana, lembrando claro, do passo anterior ー reflexão. Dessa forma, você garante que ao final da semana, você fez o que tinha de mais importante para fazer e conseguiu estar naquilo que estava fazendo.

Vá com calma, não precisa colocar tudo nos eixos do dia para a noite, coisas assim precisam de tempo e disciplina para virar um hábito.

Cultivar a Ordem e Manter a Disciplina

A mulher diligente caracteriza-se pela prática da ordem no seu sentido mais simples e corriqueiro: a organização das atividades e do tempo dentro dos horários de cada dia, o adequado planejamento.

A ordem também é uma virtude e é fundamental para aquele que almeja exercer a diligência. Mas cuidado, pois não é virtude a ordem dos escravos da “eficiencia”, que sobre o altar da “produtividade”ou do “sucesso” profissional sacrificam a própria vida, a família e amigos. 

Há duas coisas importantes a destacar: a ordem nos ajuda a não nos perder nos nossos deveres, e esta mesma ordem, que planeja, não é pra ser um planejamento engessado. 

Comece por organizar o dia a dia da sua casa aos poucos é o melhor caminho e não tudo de uma só vez. Por exemplo, escolha um dia da semana para estabelecer uma rotina por vez. 

A ordem das coisas também é muito importante, pois cada coisa no seu lugar nos poupa tempo e facilita o nosso trabalho. Aqui também vale o mesmo conselho: comece ordenando um cômodo da casa por vez e dedique-se para que ela seja mantida e parta para o próximo cômodo, próxima gaveta, etc. 

Uma objeção: Ser Diligente Não é pra Mim

Quando eu comecei a aprender sobre a conquista da virtude da diligência, tive a seguinte objeção: como arrumar tempo para refletir sobre minhas tarefas e etc. (…), quando tenho banheiro para lavar, almoço para fazer, família para cuidar? Se eu parar para refletir a cada tarefa, acabo não fazendo nada

E, ainda, tem o “lado” do fazer com esmero, pois a mulher diligente, tudo que faz, faz com capricho, com gosto, com a satisfação de quem busca um trabalho bem feito. Mas eu tenho tantos afazeres no dia, que busco terminar o mais rápido que posso, com a qualidade que deu pra fazer no momento, pois não tenho tempo a perder.

Então eu me dei conta do seguinte: quando pensamos em fazer com capricho, logo imaginamos alguém que passará horas “lambendo” o próprio trabalho para entregar algo perfeito, mas não é disso que se trata.

Por exemplo, farei uma salada de frutas para o lanche das crianças, eu posso escolher entre:

a) terminar o mais rápido possível e cortar as frutas em tamanho desiguais, uns pedaços enormes, outros menores, não ter cuidado com o mamão e acabar esmagando ele todo, ou…

b) querer entregar uma salada apetitosa, que as crianças sintam vontade de comer, que sintam que aquela salada foi feita por alguém que as ama. E para isso, basta que eu corte as frutas em tamanho uniforme e tenha cuidado. Esse tipo de capricho não me levaria a manhã inteira.

Outra situação, ao arrumar a cama, você pode simplesmente forrar a cama e colocar os travesseiros na cabeceira. Porém, quando você escolhe afofar os travesseiros antes de alinhá-los à cabeceira e borrifar um cheirinho de lavanda nos lençóis, você está fazendo isso com esmero, com capricho, com amor. Quanto tempo levou a mais para afofar e borrifar o cheirinho de lavanda? 

Acredito que esse seja o caminho… fazer as coisas com capricho, colando amor naquilo que faz, não, necessariamente, necessita de muito tempo, ou esforço. Na verdade, um trabalho mal feito e as pressas corre o risco de precisar ser refeito, gerando assim, mais esforço. 

Se as pessoas que convivem comigo aqui em casa conseguem sentir que aquilo foi feito com carinho, então eu sei que estou no caminho certo da diligência. 

Conclusão

Se você leu até aqui, meus parabéns, conseguiu superar a preguiça, pois este artigo é bem longo! 

Algo que pode te ajudar a ser menos preguiçoso e seguir na busca da diligência é ir um passo de cada vez e se manter consistente. Haverão dias que a preguiça falará mais alto, mas no dia seguinte você recomeça. Ler sobre a virtude do bom humor vai te ajudar.

Não tente colocar tudo nos eixos de uma só vez, será impossível e as chances de você se frustrar e desistir são enormes, se seguir por esse caminho. Busque a reflexão sobre as suas tarefas e deveres, faça uma rotina com as mais importantes para o seu dia funcionar bem. 

Uma outra dica que pode ser útil é buscar fazer um exame de consciência com foco nas máscaras da preguiça. Isso vai te ajudar a rastrear melhor onde está falhando e como corrigir. 

Volte a este artigo sempre que precisar!

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💡O que você aprendeu?

  • A preguiça nos impede de fazer algo de bom, então nós sinalizamos para nós mesmos que não somos dignos do fruto que aquele bem poderia nos proporcionar. Portanto, renunciamos a essa grandeza, para nos contentar com algo mais medíocre e isso fere a nossa dignidade.
  • Não há preguicinhas inofensivas,  toda preguiça é nociva. Mais do que nos fazer recusar ao esforço ou ao sacrifício, a preguiça vai minando a nossa busca pelo ideal humano.
  • A virtude da diligência é o remédio contra a preguiça: ser diligente  é fazer o que deve e está no que faz.

Livros referência: A Preguiça – Francisco Faus

Imagem: John William Waterhouse – Dolce Far Niente (1880)