O que é virtude e por que toda mãe e dona de casa deve cultivá-la

O que é virtude e como essa força interior pode transformar a forma como você lida com as demandas diárias de mãe e dona de casa

Tempo de leitura estimado: 8 minutos

Muitas vezes, equilibrar as responsabilidades de cuidar da família, da casa e de você mesma pode ser difícil. No entanto, há uma chave poderosa para lidar com esses desafios diários com mais leveza e sabedoria: as virtudes

Mas o que exatamente são virtudes? E como elas podem ajudar você a viver uma vida mais leve, com o coração em paz e próxima de Deus? 

Vamos explorar como cultivar essas qualidades pode trazer mais harmonia e bem-estar para sua rotina e ajudar você a enfrentar cada dia com mais ânimo.

O que são Virtudes?

As Virtudes são qualidades morais que orientam as pessoas a agir de forma correta e ética, guiando decisões e comportamentos em direção ao bem.


As virtudes não são apenas ações isoladas aqui e ali; elas são hábitos do caráter, construídos através do tempo, que levam uma pessoa a agir consistentemente de maneira correta. 

Uma pessoa virtuosa não faz o certo só de vez em quando, ela faz o certo de forma constante, mesmo quando as coisas estão difíceis, porque esse é um traço de caráter de quem ela é. 

Ninguém nasce virtuoso. As virtudes são como músculos que a gente desenvolve com o tempo, repetindo boas ações até que elas se tornem parte da nossa rotina. 

Ao repetir comportamentos virtuosos, esses comportamentos se transformam em hábitos que moldam o nosso caráter

A virtude como o meio termo

A virtude como meio termo é a disposição de agir de maneira moderada, evitando tanto o excesso quanto a falta. Por exemplo, a coragem é a virtude que está no meio termo entre a temeridade (excesso de coragem) e a covardia (falta de coragem). 

O filósofo Aristóteles desenvolveu uma teoria abrangente sobre virtudes em sua obra Ética a Nicômaco.

Para Aristóteles, a virtude está no meio-termo, ou seja, a virtude é o equilíbrio entre dois extremos, entre o excesso e a deficiência de uma determinada qualidade ou comportamento. 

Assim, a virtude envolve encontrar o equilíbrio certo em nossas ações e emoções, ajustando nosso comportamento às circunstâncias de maneira adequada.

A virtude é o oposto do  vício 

O hábito bom, aquele guiado para o bem é a virtude; em contrapartida, o mau hábito, chama-se vício. 

O vício é gerado pela repetição de atos maus e nos conduz ao desequilíbrio e à degradação moral; enquanto a virtude nos aproxima do equilíbrio e da felicidade.

O vício, nasce da falta de razão para lidar com nossos desafios, desordens emocionais, nossos desejos e inclinações. Ou seja, quando não dominamos nossas emoções e nos deixamos guiar por elas. 

Aristóteles acreditava que a virtude, como meio termo, era a chave para uma vida ética e feliz; porque ela é o equilíbrio entre o excesso e a falta

Para ele, viver bem era aprender a usar a razão para encontrar o equilíbrio em todas as nossas ações e sentimentos, evitando os excessos e as deficiências que levam aos vícios. 

Tanto o excesso quanto a falta de virtude são considerados vícios. Confira abaixo uma tabela das virtudes, conforme Aristóteles, mostrando o excesso, a falta e a virtude:

PaixãoExcessoFaltaVirtude
PrazerLibertinagemInsensibilidadeTemperança
Medo CovardiaTemeridadeCoragem
RiquezaAvarezaProdigalidadeLiberalidade
FamaVaidadeHumildadeMagnificência 
CóleraIrascibilidadeIndiferençaGentileza
VergonhaTimidezDescaramentoModéstia

O que são as Virtudes Morais 

Virtudes morais são qualidades de caráter que orientam uma pessoa a agir de maneira correta e justa. 

As virtudes morais não são inatas, são hábitos adquiridos: são desenvolvidas ao longo do tempo por meio da repetição de ações moralmente corretas.

Aristóteles, em sua obra “Ética a Nicômaco”, foi um dos primeiros a sistematizar as virtudes morais, definindo-as como qualidades de caráter que levam a uma vida virtuosa e à eudaimonia (felicidade ou bem-estar). 

Ele identificou várias virtudes, como coragem, temperança, justiça e prudência, e acreditava que o desenvolvimento dessas virtudes era essencial para alcançar a felicidade.

Além de Aristóteles, São Tomás de Aquino fez uma importante contribuição ao integrar as virtudes morais à teologia cristã. 

Ele relacionou as virtudes humanas com as virtudes teologais (fé, esperança e caridade), argumentando que as virtudes morais são necessárias para viver eticamente, mas que elas só atingem sua plenitude quando orientadas para Deus

Aquino também reforçou que as virtudes podem ser cultivadas através da prática e da razão, mas são aperfeiçoadas pela graça divina.

Exemplos de Virtudes Morais:

Algumas das principais virtudes morais incluem:

VirtudeDefinição e Exemplo
TemperançaModeração e controle sobre os próprios desejos e impulsos, evitando excessos.Durante um jantar festivo, alguém escolhe comer e beber moderadamente, mesmo diante de uma grande variedade de pratos e bebidas, evitando excessos para manter a saúde.
PrudênciaCapacidade de tomar decisões sensatas e justas, ponderando cuidadosamente as consequências de cada ação. Antes de investir uma quantia significativa de dinheiro em um novo empreendimento, uma pessoa pesquisa cuidadosamente as opções, consulta especialistas financeiros e considera os riscos e benefícios envolvidos.
DiligênciaA qualidade de ser cuidadoso, dedicado e persistente na execução de tarefas. O compromisso em cumprir responsabilidades de forma eficiente. Uma dona de casa que organiza sua rotina, limpa e cuida do lar com atenção aos detalhes, preparando as refeições com carinho e mantendo tudo em ordem para o bem-estar da família.
Bom HumorCapacidade de manter uma atitude positiva e alegre, mesmo diante de dificuldades, sem perder o equilíbrio emocional. Ela facilita a convivência e alivia tensões.
Uma mãe que, ao lidar com um dia cheio de tarefas e imprevistos, mantém uma atitude calma e positiva, motivando os outros ao redor e transformando o ambiente com leveza, mesmo sem fazer brincadeiras.
JustiçaDisposição para dar a cada pessoa o que lhe é devido, tratando todos com equidade (imparcialidade) e respeito.Um gerente de equipe divide as tarefas de forma justa entre seus funcionários, levando em consideração as habilidades e a carga de trabalho de cada um, para que todos tenham uma chance igual de contribuir e crescer.
Coragemcapacidade de enfrentar medos e desafios com firmeza, fazendo o que é certo, mesmo diante de adversidades.  Uma pessoa decide enfrentar o medo de falar em público para defender uma causa em que acredita profundamente, mesmo sabendo que poderá enfrentar críticas ou rejeição
HonestidadeCompromisso com a verdade e a transparência, agindo de forma íntegra e sincera.Um cliente recebe troco a mais após uma compra e, ao perceber o erro, devolve o valor excedente ao caixa, mesmo sabendo que poderia ficar com o dinheiro sem ser notado.
CompaixãoSensibilidade e empatia pelo sofrimento dos outros, buscando aliviar a dor alheia.  Ao ver um colega de trabalho passando por um momento difícil, uma pessoa oferece apoio emocional e se dispõe a ajudar, escutando ativamente e oferecendo companhia.
GenerosidadeDisposição para compartilhar recursos, tempo e cuidado com os outros, sem esperar algo em troca. Uma pessoa percebe que um vizinho idoso tem dificuldades em cuidar do jardim e se oferece para ajudar, dedicando seu tempo a cuidar das plantas, sem esperar nada em troca, apenas pelo desejo de ajudar.
HumildadeReconhecimento das próprias limitações e disposição de aprender e crescer, sem arrogância.Um líder de equipe, ao receber elogios por um projeto bem-sucedido, atribui o sucesso ao trabalho duro e colaboração de todos os membros da equipe, reconhecendo suas contribuições igualmente.
PaciênciaCapacidade de manter a calma e a serenidade diante de dificuldades, frustrações ou atrasos.  Um professor, ao explicar uma nova e complexa matéria para seus alunos, repete a explicação quantas vezes forem necessárias e busca novas maneiras de explicar o conteúdo até que todos compreendam.
GratidãoReconhecimento e apreciação pelo que se recebe, cultivando um senso de apreciação pelos outros e pelas circunstâncias da vida.Uma pessoa que recebe ajuda inesperada de um amigo em um momento de necessidade expressa sinceramente seu agradecimento e procura maneiras de retribuir o favor no futuro.
LealdadeFidelidade a princípios, compromissos, amigos, e causas, mantendo-se firme e fiel. Um amigo mantém a confidencialidade sobre um segredo importante que lhe foi confiado, mesmo sob pressão para revelar a informação a outras pessoas.

O que são as Virtudes cardeais

As virtudes cardeais são quatro qualidades morais fundamentais, estabelecidas como bases para o comportamento ético. Prudência, Justiça, Fortaleza e Temperança

Elas têm origem na filosofia grega antiga, especialmente nos escritos de Platão, e foram posteriormente incorporadas pela filosofia cristã, especialmente por São Tomás de Aquino. 

As virtudes cardeais são vistas como a base de todas as outras virtudes humanas. As virtudes como a paciência, generosidade e honestidade derivam da prática dessas quatro virtudes.

Elas são chamadas “cardeais” (do latim *cardo*, “dobradiça”) porque são consideradas centrais para o desenvolvimento das outras virtudes. Elas agem como “pilares” que sustentam uma vida moralmente equilibrada.

Quais são as quatro virtudes cardeais 

Prudência: a capacidade de julgar corretamente o que é certo e o que é errado em qualquer situação.

Justiça:  o hábito de dar a cada um o que lhe é devido, promovendo o bem comum.

Fortaleza: a força moral que nos permite enfrentar adversidades com coragem e firmeza.

Temperança: a moderação nos prazeres e no uso dos bens materiais, mantendo o equilíbrio.

No cristianismo, as virtudes cardeais são complementadas pelas virtudes teologais (fé, esperança e caridade), que abordam a relação do ser humano com Deus. 

Enquanto as virtudes cardeais focam em aspectos terrenos, as teologais apontam para o espiritual.

O que são as Virtudes Teologais 

As três virtudes teologais são: , Esperança e Caridade. As virtudes teologais são aquelas que, segundo a tradição cristã, são infundidas por Deus na alma dos critãos, orientando-os diretamente para a vida eterna e a união com Deus.

Diferentemente das virtudes morais, que podem ser desenvolvidas pela prática humana, as virtudes teologais são dons divinos, apenas concedidas por Deus.

As virtudes teologais foram introduzidas por São Paulo nas Escrituras e diferem das cardeais por estarem diretamente ligadas à relação do ser humano com Deus. 

A refere-se à confiança em Deus e na verdade divina, a esperança mantém a expectativa de alcançar a vida eterna, e a caridade (ou amor) representa o amor incondicional a Deus e ao próximo. 

Enquanto as virtudes cardeais guiam as ações humanas no mundo, as virtudes teologais orientam o espírito para a salvação.

Definindo são as virtudes teologais (com exemplos)

: A crença firme em Deus e nas verdades reveladas por Ele, mesmo sem provas físicas. Exemplo: Essa virtude aparece quando confiamos em Deus em momentos de dificuldade, mesmo quando a situação parece desesperadora.

Esperança: A confiança em que se alcançará a vida eterna e a ajuda divina para superação dos desafios da vida. Exemplo: Essa virtude se manifesta quando mantemos  uma atitude positiva e perseverante diante de desafios, acreditando que, com a ajuda de Deus, o futuro será melhor.

Caridade: O amor a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, estendendo a todos a bondade e a compaixão. Exemplo: Ajudar quem precisa, sem esperar nada em troca, mas por um profundo amor e desejo de fazer o bem.

Como desenvolver virtudes?

Um bom ponto de partida é identificar a virtude que mais faz falta a você.  Você é muito impaciente? A procrastinação está difícil de controlar? A preguiça é um desafio e tanto para você? 

Identificado a virtude que falta desenvolver, comece aprendendo sobre o tema, leia artigos de blogs, assista vídeos no youtube, leia livros. 

Depois de estudar sobre, reflita e tente colocar imediatamente em prática o que aprendeu. Lembre-se que a virtude é formada através da prática diária. 

Para desenvolver as virtudes não há receita mágica ou um passo a passo milagroso; trata-se de uma jornada individual de cada uma de nós. 

Nessa jornada iremos cair diversas vezes, e muitas delas, no mesmo erro, mas o importante é sempre levantar e perseverar. 

Deixarei aqui uma lista de conteúdos que indico por onde você pode começar:

Para começar a aprender sobre as virtudes agora: 

Tem bastante conteúdo sobre como desenvolver as virtudes aqui no blog. Eu aconselho você a começar por esses 3 artigos. (desenvolver a virtude do bom humor é minha luta diária) 

  1. A Virtude da Temperança: entenda seu significado bíblico e como desenvolver esta virtude pode transformar a sua vida
  2. A Virtude do Bom Humor: Um Tesouro Inestimável para o Lar
  3. Diligência no lar: como mães podem cuidar das tarefas domésticas e educar os filhos de forma ordenada e produtiva

Para ouvir enquanto lava os pratos:

Eu gosto muito da Ana Lídia e  já aprendi muita coisa sobre as virtudes com ela, por isso, Indico dois vídeos dela para você salvar na sua lista para assistir mais tarde:

6 primeiros passos para buscar as VIRTUDES e ter AUTOESTIMA ✨

5 dicas práticas sobre a importância do serviço aos outros 🌷

Livros sobre virtudes que indico:

Na Amazon vira e mexe algum livro entra em promoção. Você pode deixar esses livros salvos na sua lista de desejo e a próxima vez que baixar o preço, você pode se dar de presente 😉

As Pequenas Virtudes do Lar

A Conquista das Virtudes

Virtuosa: um Estudo Para Mulheres de Todas as Idades

Veja aqui a lista completa de livros sobre virtudes que indico

Conclusão

As virtudes são como ferramentas essenciais que, quando desenvolvidas, tornam o caminho da maternidade e do cuidado do lar mais leve e gratificante. 

Elas não são apenas comportamentos isolados, mas hábitos que moldam quem somos e como agimos diante dos desafios diários. 

Cultivando essas virtudes, você pode encontrar equilíbrio, superar obstáculos com mais confiança e construir uma vida mais próxima de Deus para você e sua família.

💡O que você aprendeu

1) As virtudes são hábitos do caráter que guiam nossas ações para o bem, moldando nosso comportamento ao longo do tempo.

2) A virtude encontra-se no meio-termo entre o excesso e a falta, ajudando a agir de forma equilibrada em diferentes situações.

3) Cultivar virtudes exige prática constante, e quanto mais repetimos boas ações, mais essas qualidades se tornam parte de quem somos.

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