A Virtude da Temperança: entenda seu significado bíblico e como desenvolver esta virtude pode transformar a sua vida
Introdução
O significado bíblico de temperança diz que essa virtude assegura o domínio da Vontade sobre os instintos e mantém nossos desejos dentro dos limites do que é bom e equilibrado. A pessoa temperante não se deixa arrastar pelas paixões do coração, porque ela é senhora de si mesma.
Neste breve artigo vamos definir, o que é a virtude da temperança e o que ela não é. Veremos também como praticar esta virtude e, que para tal, serão necessários três “ingredientes”: Razão, Vontade e Coração.
Boa leitura!
Temperança: Significado Bíblico
Para saber o que significa temperança na bíblia, tomarei como referência o livro Autodomínio Elogio da Temperança – Francisco Faus (p.38)
Temperança é a virtude moral que modera a atração pelos prazeres e procura o equilíbrio no uso dos bens criados. Assegura o domínio da vontade sobre os instintos e mantém os desejos dentro dos limites da honestidade. A pessoa temperante orienta para o bem seus apetites corporais.
Nós temos uma inclinação muito forte para ceder aos prazeres da vida: beber, comer, tempo de descanso, compras, redes sociais, etc. A temperança busca uma atitude equilibrada frente a esses prazeres e nos ajudar a não passar do ponto.
Cultivar a temperança é o mesmo que fortalecer o autodomínio sobre nossas ações para agir moderadamente em relação a esses prazeres: nem mais e nem menos, mas na quantidade certa. A pessoa que não busca educar a fortaleza da temperança está mais favorável a se tornar escrava desses prazeres.
Quem nunca pegou o celular para rolar o feed procurando descansar a mente, e se deu conta que já passava da hora de fazer a janta, porém, ao contrário de descansado, você ficou com uma sensação de mais cansaço, uma letargia e com preguiça de fazer a janta?
No exemplo acima fica claro que passamos do ponto e exageramos no prazer do descanso, do relaxamento. A temperança nos ajuda a ser mais fortes e a não suncubir aos prazeres e paixões, por exemplo: dormir por mais 10 min; só mais uma fatia; amanhã eu treino; mais tarde eu faço.
Mas engana-se quem pensa que temperança é contra usufruir dos prazeres.
O que NÃO é a Virtude da Temperança?
A virtude da temperança não é contra aos prazeres ou às paixões, muito pelo contrário.
A temperança não tem o intuito de eliminar os prazeres, abafar os instintos, extirpar os desejos, os apetites e as paixões sensíveis, mas algo de muito mais elevado e puro: moderar, procurar o equilíbrio ー ou seja, a medida certa ー, o autodomínio e, enfim, a orientação dos desejos, das inclinações e prazeres para o nosso bem, evitando que ocasione um dano físico, moral ou espiritual a nós mesmo ou aos outros. (Autodomínio Elogio da Temperança – Francisco Faus, p.39)
Por isso, também estão no campo da temperança os cuidados que dedicamos à boa forma, à boa aparência, ao descanso, ao lazer merecido, ao sono, às saídas com amigos, etc. prazeres esses que nos fazem bem, desde que regidos por critérios de sensatez e moderação.
Isto quer dizer que, mesmo que os desejos, os instintos e as ânsias de prazer, nos puxem para comportamentos irracionais ou excessivos, a virtude da temperança fará com que a força de vontade os “domine” e os modere, tomando as rédeas e os conduzindo para aquilo que a inteligência mostra como certo e razoável, que é sempre o nosso bem como seres humanos. (Autodomínio Elogio da Temperança – Francisco Faus, p.40)
Como ter Temperança?
Não pode haver temperança se não houver um raciocínio sensato e lúcido sobre o que é equilibrado e bom; e, igualmente, se não houver uma vontade com força de domínio suficiente para manter os desejos e impulsos no ponto certo que a razão indica. (Autodomínio Elogio da Temperança – Francisco Faus, p.40)
Ou seja, para ter temperança é imprescindível o uso da razão e da força de vontade.
Razão:
A razão dirá: não coma o que te faz mal, mesmo que seja gostoso; não beba álcool até cair, mesmo que seus “amigos” estejam fazendo isso; não durma por pura preguiça, mesmo que seja domingo; não adie para amanhã o que você consegue perfeitamente fazer hoje.
Essa é a nossa mente lúcida falando conosco, nos dizendo o certo a fazer. Porém, não há para nós dificuldade em saber o que é o certo a fazer, o grande esforço está em fazer, em executar. E é exatamente neste ponto que entra a nossa força de vontade. Pois não basta eu saber o certo, eu preciso querer e desejar fazer o certo.
O que dizer quando precisamos fazer algo para o nosso bem, mas a vontade nos falha? Colocar mais salada no prato; fazer uma caminhada; ler mais um capítulo do livro… A razão e o bom senso nos mostram o certo a fazer, mas falhamos por nos faltar a força de vontade. A nossa própria experiência nos prova que a razão não basta se a nossa vontade for fraca.
Vontade
A vontade é uma potência, uma energia da alma, […]. É preciso que se trave em cada um de nós uma batalha para conseguir desatrelar a vontade das fraquezas, egoísmos, miragens, paixões e enganos, e torná-la no que deve ser: a grande força serena, a “executiva” racional da conduta humana. (Autodomínio Elogio da Temperança – Francisco Faus, p.65)
É preciso fortificar a vontade com o autodomínio e a perseverança, dois sinais da vontade forte. Com certeza é preferível ficar na cama quentinha por mais 10 min, porém, a pessoa com autodomínio é capaz de levantar ao primeiro toque do despertador e ao fazer isso todas as manhãs ela persevera, fortalecendo sua vontade.
Mas nem só de razão e vontade triunfa a temperança, o coração desempenha papel fundamental.
Por que quando o despertador toca e lembramos que é o dia daquela viagem que tanto esperávamos, levantamos no primeiro toque animados e sem preguiça alguma? Porque o coração é a fonte onde brota o movimento das paixões.
Coração
Quando há entusiasmo, paixão, afeto por uma coisa boa, a vontade multiplica as suas forças, adquire uma potência inédita e faz ações estonteantes, que uma vontade sem coração jamais conseguiria realizar. (Autodomínio Elogio da Temperança – Francisco Faus, p.70)
As paixões em si mesmas não são boas nem más. As paixões (que se resumem ao: amor, ódio, desejo, medo, alegria, tristeza e ira) são moralmente boas quando contribuem para uma ação boa, e más quando se dá o contrário. (ex. a ira boa contra a injustiça).
Se a razão andar de mãos juntas com o coração será mais fácil ter força de vontade para fazer o que você precisa fazer:
- Uma mãe que acorda de madrugada para atender o filho pequeno, não é porque gosta, mas por amor ao filho;
- Um pai que se policia para educar os filhos por meio do exemplo, não faz isso porque é divertido, mas pela alegria que é ver seus filhos fazendo escolhas corretas e com independência;
- Um jovem que escolhe praticar piano ao invés da festa com os amigos, não é por prazer essa renúncia, mas pelo desejo de um dia tocar como os grandes pianistas.
- Um avô diabético que recusa um pedaço de bolo, mesmo sendo o favorito, não faz isso porque gosta, mas por medo de uma segunda crise e não poder ver seus netos crescerem.
Conclusão
A Temperança é o autodomínio, ser senhor de si mesmo. Quem pratica a temperança tem mais condições de dirigir a vida no rumo do bem e da felicidade, pois a pessoa temperante não se deixa arrastar pelas paixões do coração.
Fortalecer a temperança também é o caminho para a conquista das outras virtudes, pois será com a ajuda da temperança que você conseguirá seguir firme no caminho pela conquista das virtudes. (ver pagina 82 p. 2 para complementar a conclusão. Autodomínio elogio da temperança)
💡O que você aprendeu:
- Não pode haver temperança se não houver razão e uma vontade forte o suficiente para seguir a razão.
- Quando há paixão a Vontade multiplica as suas forças.
- A pessoa temperante não se deixa arrastar pelas paixões do coração e é senhora de si mesma.
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Referências: Autodomínio Elogio da Temperança – Francisco Faus
Muito legal! Obrigada 🙂
Ótimo o texto. Obrigada
Eu que agradeço por ler e deixar um comentário! Volte sempre que precisar. Obrigada!
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